Engraçada a vida... O tempo passa
e a gente se pega analisando aquelas frases clássicas de nossos pais e avós com
menos julgamento e mais vivência.
Alguns anos atrás eu achava um
absurdo quando minha avó dizia "Amizade demais, acaba em inimizade". Acreditava
que algumas amizades eram eternas e que seriam imutáveis em sua maneira quase
invasiva de ser. Hoje, boa parte das pessoas que eram "de casa", que
estavam comigo praticamente todos os dias foram embora... Por erros, defeitos e escolhas,
meus ou delas, o afastamento, e até a inimizade, aconteceu. Agora entendo que
isso acontece porque quando a gente convive demais com alguém começa a reparar
demais nas entrelinhas da pessoa e, pior, esperar demais dela. E vice versa.
Infelizmente, isso fatalmente termina mal. Como dizer que minha avó estava
errada?
Já meu pai costuma dizer que “Deus
não joga dados”. Eu relutava em acreditar nisso porque não via sentido nas
coisas ruins que aconteciam comigo ou com as pessoas que eu amo. Achava que
coisas ruins eram fatalidades ou ação do mal que existe nesse mundo, pura
reação ao nosso livre arbítrio. Atualmente, consigo ver claramente que mesmo o
nosso livre arbítrio tem um toque de Deus. Que tudo que passamos é decorrente
das escolhas que fazemos, mas que essas escolhas nos levam, por um caminho mais
fácil ou mais difícil, a um resultado final semelhante, se não igual. Eu
escolhi o caminho mais difícil várias vezes. Mas o que estava traçado para mim
aconteceu ainda assim. Sem aleatoriedade. Sem dados.
Minha mãe me disse várias vezes “Seja
independente”. Mas eu demorei pra entender que a independência de que ela
falava não era só financeira. Ela falava de não depender tanto das pessoas emocionalmente,
um grande defeito meu. Agora eu entendo por que. Percebi o quanto essa
dependência amarra a minha felicidade ao humor e ao amor dos outros. É bom ser
uma pessoa amada e respeitada, não me entendam mal, mas não é tudo. O amor
próprio vem primeiro e se ele existe fica muito mais fácil amar e ser amado
pelos outros.
O caminho, longo ou curto, fácil ou difícil, é meu.
A minha caminhada independe de
alguém andar ao meu lado. Cabe às minhas pernas caminhar, estando eu acompanhada
ou sozinha. Se agora algumas pessoas que amo pegaram rotas diferentes, cabe a elas lidar com o caminho que escolheram e a mim lidar com o meu e apoiar meus
atuais companheiros de caminhada. Sem traumas, sem julgamentos.
Até porque “Amizade demais, acaba
em inimizade”, então não pretendo forçar ninguém a caminhar todo o tempo ao meu
lado. “Deus não joga dados” e se for desígnio Dele meu caminho se cruzará
novamente com o dessas pessoas cedo ou tarde. E se é pra “Ser independente” eu
não posso parar de andar ou mudar o caminho que escolhi pra mim por causa de
outras pessoas. Não é verdade? Eles estavam certos... O tempo todo.
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